Fauzi Arap
Nasceu em São Paulo-SP em 1938.
Diretor, autor e ator. Sempre fora dos esquemas de produção
tradicionais, Fauzi Arap imprime em seus trabalhos como diretor e autor
uma expressão original, assimilando a poesia e a liturgia da
contracultura dos anos 1970.
Formado em engenharia civil, sua trajetória profissional
se consolida no teatro. Começa como ator no fim dos anos 1950, ainda na
fase amadora do Teatro
Oficina, e participa da primeira montagem profissional do grupo em
1961, A Vida Impressa em Dólar, de Clifford Odetts, direção de José
Celso Martinez Corrêa, quando recebe os prêmios Saci e Governador
do Estado de melhor ator coadjuvante. Afirma-se como ator tanto em
montagens do Oficina como do Teatro
de Arena, tais como: José do Parto à Sepultura, de Augusto
Boal, direção Antônio
Abujamra, no Oficina, 1961; A Mandrágora, de Maquiavel,
direção Augusto Boal, no Arena, 1962. No ano seguinte, em Pequenos
Burgueses, de Máximo Gorki, substituindo Raul
Cortez, alcança brilhante desempenho realista, transfigurando-se no
bêbado Teteriev; faz ainda Andorra, de Max Frisch, 1964; ambas
direções de José Celso pelo Oficina. Junto ao Grupo
Decisão, está em O Inoportuno, de Harold Pinter, recebendo
elogiosa crítica de Décio
de Almeida Prado.
A primeira direção se dá em 1965, com Perto do
Coração Selvagem, obra de Clarice Lispector adaptada por ele. Em
1967 dirige e interpreta (dividindo o palco com Nelson
Xavier) Dois
Perdidos Numa Noite Suja, de Plínio
Marcos. Em 1968, Tônia
Carrero o convida para dirigi-la em Navalha
na Carne, também de Plínio Marcos, peça que obtém estrondoso
sucesso.
Aos 29 anos, abandona a carreira de ator para dedicar-se
à direção. Como diretor, lança importantes nomes da dramaturgia
nacional. Além do já citado Plínio Marcos, traz à cena Abre a Janela e
Deixa Entrar o Ar Puro e o Sol da Manhã, do então jovem estreante Antônio
Bivar, produção do Teatro
Maria Della Costa - TMDC, em 1968; revela
ao público a poética contundente de José
Vicente ao dirigir O Assalto em 1969, que conta com Ivan
de Albuquerque e Rubens
Corrêa. Projeta nacionalmente o nome de Maria Bethânia ao dirigi-la
no show Rosa dos Ventos, de 1971, valorizando a forte presença
cênica da cantora.
A carreira como autor tem início com Pano
de Boca, 1975, na qual faz um balanço dos caminhos e
descaminhos do teatro brasileiro nos anos 1960 e 1970, inspirando-se
livremente nos fatos que dilaceraram o Teatro Oficina. Recebe os prêmios
Molière de melhor autor e Associação Paulista de Críticos de Artes
- APCA, de melhor diretor por O Amor do Não, 1977. Mais tarde, em
1983 leva o Mambembe de melhor autor em Quase 84, dirigido por
Ivan de Albuquerque. Em 1986, volta a chamar a atenção pela direção em Uma
Lição Longe Demais, de Zeno
Wilde. Em 1987, é superpremiado à
frente do Projeto Tese em Ação - Rosa dos Ventos do Teatro Brasileiro -
T.A.R.Ô., que ocupa o Teatro de Arena Eugênio Kusnet por dois anos, com o
qual se mostra um ativo fomentador da produção cultural. Nesse projeto
dirige Às Margens do Ipiranga, de sua autoria, na qual procura
reproduzir, sobre a trajetória do Teatro de Arena, uma análise afetiva
semelhante à que realizara com relação ao Oficina em Pano de Boca.
No fim dos anos 1990, obtém êxitos na direção de diferentes gêneros,
como no drama poético Santidade, peça de José Vicente censurada
em 1968, e na comédia Caixa
2, de Juca
de Oliveira, Prêmios Shell de melhor direção por ambos os
trabalhos.
Fauzi Arap é tido como pioneiro na direção de shows
musicais no Brasil e também, reconhecidamente, um dos melhores diretores
de ator do país. Em 1971 trabalha como terapeuta voluntário na Casa das
Palmeiras, centro psiquiátrico anticonvencional dirigido pela doutora
Nise da Silveira, quando mergulha nas obras de Jung. Sua autobiografia, Mare
Nostrum - Sonhos, Viagens e Outros Caminhos, 1998, revela a
trajetória de um homem que busca na vida e no teatro uma existência
integral.